quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Encontro com as adolescentes da Associação Criança e Família.

A proposta do encontro de hoje era planejar as últimas cenas do documentário. As cenas de ligação, que dariam coerência ao enredo já filmado. Tínhamos pensado também, em utilizar este momento para planejar o encontro com os pais, o que faríamos, como seria feito e etc. Combinamos com elas que na próxima semana gravaríamos as últimas três cenas de ligação e na quinta-feira (Dia 1) fecharíamos nossas atividades com uma festinha de encerramento e um amigo secreto. Ficou combinado ainda que iramos voltar pra fazer a atividade com os pais e no ano que vem para exibir o documentário já editado.

No entanto, hoje encontramos poucas meninas e que não estavam muito dispostas a conversar, escrever ou dar sugestões para essa construção. O assunto sempre dispersava e conseguíamos com algum esforço algumas ideias. Foi quando Raiumunda leu uma mensagem que falava sobre a mulher e a sua ascensão ao longo do tempo. O que permitiu que eu fizesse um link com algo que tinha separado pela manhã como carta na manga.

Percebendo que a única discussão que não houve com as adolescentes foi sobre a diferença de gêneros e a opressão sofrida pela mulher na expressão da sexualidade separei três letras de pagode (Mulher é igual a lata, Patinha e Botar na Geral) e propus a discussão. Elas acabaram se animando e ficaram falantes. Começaram a citar músicas e cantar músicas com letras que explicitavam relações sexuais, nas quais as mulheres estavam sempre na posição de objeto e de inferioridade. 

Foi muito rico o debate, todas as meninas se posicionaram. Algumas inclusive falaram sobre a dança, que era envolvente e que dançavam sem questionar a letra. Foi importante no sentido de suscitar a critica, entender aquilo que é dito. Foi importante trabalhar na lógica da redução de danos, pensar que o corpo também expressa uma linguagem e que muitas vezes com a dança a mulher acaba se desvalorizando ou passando mensagens utilizadas pelos homens para legitimar o seu discurso opressor.

A discussão foi interessante, o sexo foi pensado como saúde e não como violência. Sexo que deve ocorrer entre iguais e não em uma relação de submissão e subjugação ao desejo do outro. Com isso, construímos uma cena de ligação baseada nessa discussão. Duas meninas ficaram responsáveis por trazer a música e a caixa de som no próximo encontro. O planejamento da reunião de pais também ficou para o próximo encontro após as gravações. 


Camilla Veras
Psicóloga em Formação

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