sábado, 7 de maio de 2011

As relações e a saúde: Proteção? Risco?

No dia 05 de maio de 2011 fomos a USF do Alto do Cruzeiro e levávamos rios de expectativas ao encontro que se daria. A nossa proposta de trabalho e promoção da saúde desta vez está voltada para um grupo de idosos que compõe o grupo HiperDia da Unidade. Havíamos feito um primeiro encontro que foi muito produtivo. Abordamos questões sobre as relações familiares e apesar da semelhança com uma palestra, da qual não é o nosso objetivo que pareça, os senhores e senhoras, avôs e avós, trouxeram seus relatos e aquela troca foi acontecendo e com isso ganhando seu caráter terapêutico. Neste novo encontro as pessoas foram chegando e nós, que havíamos nos programado para uma reunião de planejamento, tivemos que contar com a espontaneidade. A nossa experiência nos demonstrava que os ruídos na comunicação podem acontecer e precisamos estar preparados para todo tipo de situação. Sabíamos também que nem sempre quando a atividade é planejada acontece como imaginamos e que lidar com o novo e inesperado é característica marcante no trabalho da atenção básica. Desta vez pudemos organizar a sala em círculo, o que permitia um contato visual de todos para todos muito rico. Tratamos destas relações familiares abordadas na ultima reunião, mas desta vez destacando os impactos destas na saúde daquelas pessoas, como as relações familiares tornavam-se fatores de risco ou de proteção para a saúde daquelas pessoas.

Uma senhora trazia em seu discurso que se preocupava muito com os filhos, mesmo estes sendo maiores de idade, que não dormia direito e que quando falava com eles não era ouvida, faziam pouco caso da sua preocupação. Deste ponto o grupo já se encontrava aquecido e a condução da atividade não era exclusiva nossa. O diálogo acontecia, as trocas de experiência, os conselhos eram atentamente ouvidos e vários elementos de risco e prevenção foram emergindo.

Um senhor trouxe a idéia que os conflitos nas relações podem ser evitados caso as pessoas tivessem cuidado com a forma que dialogam, o modo como transmitem a mensagem, e ilustrou com uma experiência dele na Unidade. Ao chegar para pedir uma informação, teve que lidar com a falta de simpatia de um funcionário no atendimento. O grupo todo estava atento ao que ele dizia, e muitos expressaram opinião semelhante àquele senhor. Nesse momento, o foco da discussão se modificou completamente, fugindo mais uma vez ao que tinha sido previsto por nós, mas nem por isso foi algo negativo. Entendemos que por ser um conflito compartilhado, poderia ser usado para ilustrar o tema. O senhor foi convidado a reproduzir a cena em quatro situações: como de fato aconteceu (ele como ele mesmo, depois como o funcionário), e como ele gostaria que tivesse acontecido (com a mesma troca de papéis).

Disso surgiu uma coisa importante: a senhora que participou da cena trouxe um elemento que nos chamou a atenção, relativo à informação que a população não tem sobre o que é uma emergência, para assim poder distinguir o serviço prestado pela Unidade e evitar essa falta de entendimento e melhor qualidade na atenção básica. Com isso que foi levantado vamos planejar como levar essa informação de forma clara e simples, a princípio com a ideia de fixar cartazes explicativos na Unidade.

O grupo foi retornando às discussões sobre família e aos poucos a discussão foi se dissipando. Ao fim, todos já estavam com aquela sede do próximo encontro, de ouvir, ser ouvido, de encontrar e partilhar.

- Quando será a próxima palestra?
- Não é palestra, gente... é roda de conversa (risos).

Gessica Aquino e Ronaldo Santiago
Psicólogos em Formação

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Atividade Conjunta

Na sexta feira (29 de abril) a tarde foi realizada uma atividade conjunta no auditório da faculddae De Odontologia- UFBA, tendo como público alvo todos os participantes do PET-UFBa. Infelizmente, devido a uma série de contratempos só estavam presentes da Unidade Alto do Cruzeiro eu: Joslene, a professora Ângela estava em viagem de trabalho e o preceptor Elisson. Esta atividade teve como objetivo apresentar três instituições da rede de apoio a pessoas vitimas da violência da cidade de salvador e região metropolitana.
A apresentação foi muito interessante, principalmente no final quando foi possível a participação da audiência, inclusive com depoimento que exemplificou as dificuldades para notificar e denunciar o abuso sexual contra a criança e adolescente.
A primeira instituição a ser apresentada foi o Centro de Referência Loreta Valadares (CRLV)- Prevenção e Atenção a Mulheres em Situação de Violência, pela Dra. Suely Lobo. Este Centro de Referência se localiza na Estrada de São lázaro, n° 44 Federação, Telefones: 3235-4268/3117-6770. E de forma estratégica para ajudar no acolhimento às mulheres vítimas de qualquer tipo de violência, sua estrutura física é de uma casa confortável, com ampla varanda e terrenos ao ar livre onde se realizam também as atividades terapêuticas. Oferece acompanhamento psicológico, jurídico. Quando identifica algum tipo de violência a criança e adolescente faz o encaminhamento para instituições específicas.
Tem como frentes de atuação:
Atenção- A mulher chega ao centro e é acolhida, sem agendamento, ela pode ir através de encaminhamento ou de forma espontânea. Não é necessário ter dado quixa da violência sofrida na delegacia de polícia.
prevenção
Articulação em rede- que consiste em participação de reuniões com diversas outras instituições que estão envolvidas na rede de atendimento e proteção as vitimas de violência.


A segunda instituição foi o CRADIS- Centro estadual de atenção ao adolescente Isabel Souto, apresentado por Helionora. Este centro está localizado em frente a praia da paciência no Rio Vermelho ( 3117-6729), pode ser agendado visita institucional, que ocorre as quartas-feiras pela manhã para conhecer a estrutura da unidade. Neste Centro são atendidos os/às adolescentes e suas famílias em situação de violência. Eles também estão desenvolvendo atividades de educação permanentes para profissionais de saúde e formação de multiplicadores jovens, além de desenvolver um projeto interno: cuidando dos cuidadores.
Atualmente iniciaram o atendimento ao agressor.
No dia 06 de maio ocorrerá no Instituto Anísio Teixeira- IAT uma vídeo conferencia para todo o estado da Bahia tendo como tema: violência do Adolescente e notificação. Esta vídeo- conferencia é aberta ao público.

A terceira e última instituição a ser apresentada foi o VIVER-Serviço de Atenção a Pessoas em Situação de Violência Sexual por Deborah Cohim. Este serviço é da Secretaria de segurança pública Viver oferece em sua sede, localizada no andar térreo do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), na Avenida Centenário, e outra unidade no Subúrbio Ferroviario em Periperi.
Neste serviço ocorre;
atendimento médico (inclusive com administração de medicamentos como antiretrovirrais, contraceptivo de emergência...)
Acompanhamento psicoterapêutico.
Acompanhamento jurídico
Dra. Débora chama atenção de que a violência sexual é uma violação de direito e que é previsto no código penal como crime, e como tal é obrigatório a denúncia em delegacias de polícia.
Apesar disso o VIVER atende as vitimas mesmo sem ter passado pela delegacia.
Ressalta também de que todo profissional que de alguma forma atende as vitimas de violência sexual, precisamos aprender e entender a ambigüidade que vive a vítima, como ela significa a violência sofrida, geralmente a vitima quer parar, bloquear a violência mais não quer ver o agressor ser punido, quando o agressor mantém relações afetivas com a vítima, é um ente querido, um marido, pai, tio, amigo....
o serviço especializado de assistentes sociais e psicólogos, além de médicos.
O VIVER não atende o agressor.


Na discussão final, mais uma vez foi chamada a atenção para:
1. A necessidade de notificar ao MS, e que não cabe ao profissional de saúde investigar a situação, assim nos casos e nas suspeitas de abuso sexual é obrigatório encaminhar a notificação.
2. E quando a vítima for uma criança ou adolescente é preciso informar legalmente ao conselho tutelar ou a DERCA- Delegacia Especializada de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente, tendo o cuidado para não colocar a vítima em situação maior de vulnerabilidade.
3. Sair da nossa Imobilidade apesar de todos as dificuldades no enfrentamento desse problema, que perpassa desde os nossos receios pessoais, até as falhas da rede de apoio as pessoas vitimas de violência, em especial os conselhos tutelares. Podemos começar?
· Realizando a escuta cuidadosa e fazendo a orientação às vitimas de violência;
· Divulgando junto à população o trabalho das instituições dessa rede, que apesar das dificuldades operacionais, estão fazendo um importante trabalho a essas pessoas, chama atenção que a qualidade desse atendimento está diretamente relacionada ao comprometimento dos profissionais envolvidos com estes serviços.
. Implantando a notificação compulsória na unidade de saúde.


Após a atividade, eu e Elisson conversamos e achamos que precisamos iniciar uma discussão interna sobre a notificação e sobre a inserção de atividades ou estrategias de divulgação dessas instituições na comunidade de Alto do Cruzeiro, iniciando com os profissioanis que atuam na Unidade de saúde, achamos também que é importante agendarmos uma visita de um grupo, as dependencais dessas instituições com o objetivo de tirar dúvidas e principalmente estreitar laços, conversando com a Dra Debora sobre esta visita ao VIVER, ela disponibilizou os números dos telefones 3117-6702/6704 para agendarmos com Franciane uma visita.
A importância da divulgação dessas instituições se fortaleceu a partir do relato de que algumas mulheres procuram essas instituições após terem acesso a folders, inclusive uma delas encontrou um folder na sua caixa de correios, o que foi fundamental na sua decisão de romper com o ciclo de violência.


"Só existe opção quando se tem informação...Ninguém pode dizer que é livre para tomar o sorvete que quiser se conhecer apenas o sabor limão." Gilberto Diemnstein

E nós, o que mais podemos fazer diante da violência que nos envolve??