segunda-feira, 31 de maio de 2010

Eu acabei não lendo o email de Cleide, até estranhei a ausência de Ronaldo mas fui pra Unidade. Quando cheguei lá fui informada que os preceptores estavam na vacinação numa escola em Paripe. Por sorte, Roberta de última hora foi solicitada a permanecer no posto e acabou não indo, o que me deu uma alivio imenso e me poupou de dar "viagem de balde".
Com Roberta e com a ACS Ana Claúdia visitei a escola Antônio Carneiro da Rocha. A diretora Márcia mostrou toda disponibilidade para o que quisessemos fazer lá, desde de espaço, horário e garantia que os alunos compareceriam. Conheci a turma do 4º ano, que particularmente me encantou, a professora Tatiana conversou muito com a gente e nos deu todo espaço, inclusive disse que cederia algumas horas da aula dela na segunda a tarde para que eu e Ronaldo fizessemos atividades com os meninos, que apesar de novinhos (9-13 anos) tinha demandas daqueles problemas já trazidos pelas acs, como: sexualidade precoce, violência, drogas, caso de bullyng (presenciado por mim com uma das alunas que é especial).
No entanto, são crianças bastante receptivas, ficaram curiosos e entusiasmados com a nossa presença, foram bem carinhosos, adoraram a idéia de uma possivel atividade com eles na sala. Sala esta que é tipicamente composta por meninos (16), tendo apenas 6 meninas. O que facilitaria o vinculo, até porque como o grupo de segunda só é eu e Ronaldo, acredito que numa atividade com maioria mulheres haveria uma certa dificuldade de interação, afinal eu sou a única menina do grupo e Ronaldo é homem.
Ela sugeriu também que fizessemos um trabalho com os meninos do 5º ano, que são maiores e são mais ''problemáticos''. A principio, gostaria de começar pela turma do 4º ano e depois a do 5º ou juntá-las (como sugeriu Tatiana) ou então se alguém do resto do grupo ficasse com esta turma em outro dia da semana também seria uma opção.
Fomos também na escolinha Beija Flor, a tarde os meninos são menores (4-5 anos), mas pela manhã são maiores e como as meninas que conheceram já disseram, eles estão bem inseridos nesse contexto de violência. A professora só sinalizou a respeito do recesso junino deles, o que nos daria um bom tempo pra elaborar essas atividades até o regresso (em julho).
Enfim, ainda vou conversar com Ronaldo, mas minha preferência pela turma do 4º ano para começar o projeto ficou mais do que nítida, agora é sentar para discutir e elaborar estratégias de alcance a esse grupo de jovens crianças para um êxito na nossa proposta que é previnir a violência e promover a paz.


Camilla Veras
Graduanda em Psicologia -UFBA

domingo, 30 de maio de 2010

Sexta-feira, 28 de maio de 2010.

Hoje nos reunimos com agentes comunitárias da equipe 4, e foi muito produtivo. Discutimos sobre o tema a ser abordado, onde e como abordá-lo. Foi um espaço muito rico porque enquanto trazíamos algumas idéias, elas traziam a análise dessas idéias na prática. Foi muito bom como estudantes e agentes se complementaram denotando um trabalho em construção. Elas estão sempre muito dispostas e demonstram muito apoio ao nosso trabalho... Hoje, uma delas nos contou sobre suas dificuldades para concluir a faculdade. Uma história linda, muitos desafios, e o melhor, com a vitória muito perto. E se ouvirmos a história de cada uma delas, acredito que ainda temos muito a aprender. Ainda há muito a aprender!

Izadora Miranda.
Fonoaudiologia.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

24 de maio

A tarde de hoje além de muito quente foi super rápida, mas nem por isso menos produtiva. Após um breve atraso na chegada ao posto – fomos parar no final de linha de Terezinha – procuramos as preceptoras e descobrimos que elas se organizaram em função dos dias. Fomos orientados por Cleide que nos indagou qual recorte gostaríamos de fazer para construir finalmente um trabalho prático na comunidade. Sugerimos começar por escolas, jovens, questões emergentes passíveis de serem abordadas. Há uma lista das escolas e creches que Roberta nos enviará por email. Conseguimos uma sala para servir de base para as nossas operações, ela será limpa e preenchida na medida do possível. No mais acredito que já tendo um foco de trabalho e possíveis campos de atuação poderemos avançar grandemente no nosso propósito. O que falta nesse momento é reunir e planejar.

Ronaldo Santiago
Psicólogo em Formação (UFBA)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Visita a comunidade.

Ronaldo foi muito feliz em sua descrição da comunidade do Alto do Cruzeiro e da agente comunitária Marijane. Gostaria de complementar apenas com alguns pontos que me chamaram atenção. Um deles é a receptividade da comunidade, pessoas muito solicitas, muito atenciosas que nos receberam muito bem em suas casas. Familias, mulheres grávidas (uma delas com 14 anos), idosos (um deles deficiente fisico), crianças e adolescentes. Apesar da violência e do problema social alarmante que é o uso de drogas e a sexualidade precoce percebi que os moradores da comunidade do Alto do Cruzeiro são pessoas muito boas, o que passa a esperança de uma abertura positiva para a promoção da paz. Acontece que o subúrbio como um todo parece ser relegado pelos nossos governantes, problemas de saneamento básico, ruas alagadas de barro, lixo e esgoto a céu aberto, animais soltos (cavalos, cachorros) foram imagens corriqueiras durante o nosso percurso. Inclusive, na aréa da equipe 1 durante a semana houve duas mortes por causa de Leptospirose. Algo meio inadimissível diante de todos os avanços na saúde que temos hoje.
Enfim, a visita foi muito produtiva e me poporcionou muita aprendizagem, poderiamos começar pela assosiação criança e familia que além de tudo que Ronaldo já trouxe, faz um trabalho de alfabetização com as crianças.
Camilla Veras
Graduanda em Psicologia - UFBA

17 de maio

Hoje a visita ao posto estava preenchida de expectativas, pela primeira vez iríamos andar pela comunidade, conhecer um pouco das suas ruas, dinâmicas, cotidianos, espaços e famílias. Começar a entender o contexto onde vivem as pessoas que brevemente estaremos trabalhando a promoção da paz. Logo pudemos perceber do que se trata um tema complexo, de como os recortes ajudam pouco no momento que vemos vários fatores imbricados e que qualquer tentativa de decomposição para análise torna-se muitas vezes impossível. Na chegada encontramos os membros da equipe dois em reunião. Estavam discutindo casos muito complicados e delicados. De que forma podemos fazer denuncias contra o abuso de crianças? Discutiam um caso específico. Como foi apontado, não denunciar converte-se em negligencia, mas como acontece a intervenção após essa denuncia? Como não comprometer todo o trabalho que vem sendo feito pelo posto ou as visitas das agentes? Questões complexas que mais cedo ou mais tarde iremos nos defrontar, pois um dos nossos objetivos é a notificação da violência. Tivemos que sair da reunião, pois era hora de percorrer as ruas do Alto do Cruzeiro e perceber para que realidade iremos informar e promover saúde. Marijane - a agente comunitária - chegou e logo estávamos percorrendo a comunidade. Tal qual um flanêur víamos rostos dos mais variados e ruas nas mais diversas condições. Fomos para a área da equipe um e ao longo do caminho conversamos sobre as particularidades do local. Ela é moradora da área, o que facilita muito as relações da equipe com as famílias. Parecia conhecer a todos e com muito tato promovia a saúde por onde passava, como uma mãe cuidando da sua casa e da sua família. Talvez ela possa criar expectativas por sermos Psicólogos em formação, mas o que pude notar é que aprenderemos mais sobre psicologia com ela do que na academia. Conhecemos a associação criança e família. Um espaço para mães, jovens e crianças – sendo a maioria dessas mãe jovens - que necessitam de apoio. A associação é sustentada por um grupo francês e pelas doações que podem arrecadar. As anfitriãs nos receberam muito bem. Apresentaram o lugar e sua dinâmica. Um bom lugar para começar o nosso trabalho. Amplo, várias oficinas, muitos jovens. Da associação seguimos adiante e conhecemos algumas pessoas em suas casas. Fomos bem recebidos em todas. Na maioria havia crianças pequenas, muitas delas vítimas de alguma virose. Achei tudo muito tranqüilo, apesar das advertências da agente para as áreas com maior risco, como pontos de venda de drogas. Enfim retornamos ao posto. O horário nos avisava que devíamos voltar. O que vimos é pouco comparado a tudo que iremos ver. A vontade de agir é grande, mas sabemos que muita cautela devemos ter, pois a complexidade daquela realidade nos impõe um ritmo que dita um passo de cada vez. Acredito que perceber isso já é o primeiro passo.

Ronaldo Santiago
Psicólogo em Formação (UFBA)

Fotos da abertura do PET.


















































Olá colegas, segue algumas das fotos do encontro do PET. Como elas estão muito pesadas selecionei algumas pra postar e vou gravar um cd que ficará circulando até todos terem todas as fotos.


Camilla Veras
Graduanda em Psicologia - UFBA

sábado, 15 de maio de 2010

14 de maio

Os preparativos para o primeiro encontro entre estudantes, tutores, preceptores e agentes comunitárias que irão compor a equipe de promoção da paz do Alto do Cruzeiro começou na faculdade de farmácia. Os membros foram chegando, e mais ou menos ao meio dia zarpamos. A chegada foi tranqüila, estávamos todos ansiosos, nossas expressões transmitiam isso. O posto estava movimentado e fomos para o primeiro andar esperar a chegada das nossas anfitriãs. Seguimos para uma ampla sala num templo perto do posto. Entre conversas paralelas, a voz da tutora Ângela chamou a atenção de todos e o encontro tomou o seu foco. Apresentamos-nos e logo descobrimos as equipes do posto responsáveis por determinadas áreas de atuação na comunidade. Presentes estavam as equipes 1, 2 e 4. Uma após a outra, foram expondo as características que as suas áreas possuíam. Momento tenso no encontro, pois não havia quem não estivesse sensibilizado com os diversos casos de violência relatados. Crianças começando a vida sexual muito cedo, ou mesmo sendo violentadas. As drogas aparecem como uma constante em vários dos casos. O alcoolismo foi levantado como índice preocupante. Porém uma das primeiras falas foi no sentido da desmistificação do local como centro da violência, como se em outros lugares de Salvador, e mesmo do mundo, esses mesmos casos não fossem encontrados. Claro que não diminui as dificuldades, pois o tema da violência constitui-se pela sua complexidade, independente de onde ocorra. Existem escolas, creches, ONGs onde um trabalho preventivo pode ocorrer. Ficou claro durante a conversa que esse seria um ótimo caminho para abordar o tema, levando informação e formação, perspectiva de outras possibilidades que não a realidade que ali se instalou. Como pronunciou a tutora Joslene “as vezes é preciso fazer tudo que já é feito, mas de outra forma”. Logo após todos os relatos, nos abraçamos, damos as mãos, ouvimos uma bela música. As mensagens evocadas naquele momento alimentavam o ar com esperança, dando a certeza que teremos um trabalho árduo, em alguns pontos impossíveis devido a nossa demasiada humanidade, mas transformador, na intuição de que ninguém sairá o mesmo, pois plantaremos o fruto da paz onde a comunidade mais precisa e em nós mesmos.

Ronaldo Santiago
Psicólogo em Formação (UFBA)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

3 de maio

Chegamos ao posto no início da tarde, era a minha primeira visita e na semana passada Camila esteve por lá. Nos apresentamos e fomos levados um dos nossos preceptores, Elison, que nos atendeu muito bem, mas um pouco perdido sobre o que faríamos lá. Fomos procurar os outros preceptores, mas estavam prestando atendimento. Elison nos propôs que ficássemos na recepção e na sala das vacinas, para que pudéssemos observar a dinâmica do posto e como aconteciam os atendimentos. Muito não aconteceu, havia poucas pessoas no posto e o que pude notar na recepção é que não há muitos conflitos, os funcionários parecem ter muito tato com o público, conhecem certos pacientes. Na sala de vacinação também as relações se estabelecem muito facilmente. Tivemos uma conversa com os preceptores, houve a informação de que haveria uma reunião geral do PET-saúde na sexta feira, às 15h, na faculdade de odontologia. Mostraram-se bastante abertos para a construção do trabalho, mas disseram que nem todos dentro do posto têm essa perspectiva. Falamos das expectativas do projeto e viabilidades de atuação. Tivemos que sair, pois alguém anunciou uma paralisação dos ônibus. Sai do posto cheio de expectativas, gostei muito do ambiente, das relações que as pessoas demonstraram nesse primeiro momento. Senti que um bom trabalho está vindo por ai.

Ronaldo Santiago
Psicólogo em Formação (UFBA)

domingo, 2 de maio de 2010

Na sexta-feira visitei pela primeira vez a USF de Alto do Cruzeiro. Não foi tão fácil chegar lá, pois justo neste dia houve paralisação de algumas empresas de ônibus e ocorreram alguns contratempos. Resumindo, cheguei no ponto ás 07h e só peguei o ônibus 09h30, chegando lá ás 10h30.
Neste dia também foram Izadora (Fonoaudiologia) e Shirleide (Farmácia). Elisson, o enfermeiro, nos apresentou a Unidade e aos profissionais que estavam lá, inclusive as agentes comunitárias. Ele também nos explicou o funcionamento da unidade, dizendo que há três equipes distintas, cada uma responsável por uma área do bairro. Nos disse também que a unidade ainda não funciona plenamente como PSF, pois está passando por um processo de transição, antes quando estava localizada na Ilha Amarela, devido a reforma que estava ocorrendo, eles funcionavam como Ambulatório, portanto a comunidade ainda está acostumada a este tipo de serviço.
Observei que são realizadas ações preventivas na Unidade, pois haviam alguns cartazes sobre prevenção de câncer de mama e outros temas relacionados á saúde da mulher. A unidade estava tranquila, não tinham muitos usuários, mas Elisson disse que não é sempre assim, depende da escala dos profissionais.
O enfermeiro foi bastante solícito e me parece ser um profissional receptivo à nossa presença na Unidade. Acho interessante que todos estejam iniciando no projeto agora, pois temos a oportunidade de construir algo novo juntos (preceptores, tutores, estudantes e comunidade) e irmos aprendendo com estas novas experiências.
Sara Rangel