quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Reunião de pais na Associação da Criança e Familia.



Hoje foi realizada a primeira reunião com os pais das adolescentes do projeto Jovem em Ação  da Associação da Criança e Família que atua através de nove sedes espalhadas pela região do Rio Sena. Estiveram presentes Elisson (Enfermeiro da Unidade), a Agente Comunitária Raimunda e os Estudantes Camilla, Gessica e Ronaldo. Juntamente com Mônica (coordenadora deste projeto) e Bernadete (presidente da associação) agendamos uma reunião com os pais das jovens para apresentar a nossa proposta para abordar a sexualidade com as adolescentes. 

No primeiro momento houve uma breve apresentação dos presentes e uma exposição da Associação Criança e Família, explicando o funcionamento, os projetos, a estrutura, as atividades realizadas, etc. Importante realçar que tal associação foi fundada em 1984, num pequeno casebre de madeira e que a sua fundadora, a francesa Bernadete, é moradora da comunidade. Mesmo com recursos escassos e contando com a ajuda de colaboradores e por vezes do governo, tal organização vem realizando um trabalho de base  que consideramos exemplar a muitas instituições que, em tese, deveriam fomentar tais trabalhos, como é o caso das escolas, unidades de saúde e centros de assistência social.

Após este momento, o tema sexualidade foi abordado de forma sutil, porém preciso, o que suscitou um debate muito enriquecedor e fluido entre o grupo. Foram levantadas muitas questões, desde a dificuldade dos pais em dialogar sobre esses temas com os filhos devido aos tabus e preconceitos socialmente construídos. Foi levantado também a importância da informação e da orientação provinda de fontes seguras no auxilio a proteção e da prevenção de gravidez e DSTs, assim como o auto-conhecimento das adolescentes e de uma maior segurança para tomar decisões conscientes. Tentamos desmistificar as crenças que muitas mães traziam de que abordar tais temas incentivariam suas filhas a iniciar a vida sexual. Trouxemos a perspectiva de que quando as informações são trabalhadas responsavelmente e com a participação dos atores envolvidos podem-se transformar em importantes fatores de proteção. Destacamos que a falta de diálogo e abertura acerca das questões que envolvem a sexualidade poderia ser fator de risco, uma vez que para ter sua necessidade de curiosidade saciada, as adolescentes poderiam buscar tais informações de fontes não seguras, assim como podem facilmente sofrer pressão dos parceiros que também não têm tais informações precisas.

Trabalhar a sexualidade para além do sexo, na intenção de co-contrução do saber, partindo sempre da realidade das jovens foi uma proposta bem aceita pelos pais que consideraram muito relevante o trabalho e gostaram bastante do grupo PET. 

Com isso, dia 29/09 realizaremos o primeiro encontro oficial com as adolescentes, dando inicio as atividades. Estamos muito felizes com a recepção que tivemos hoje e em saber da expectativa das adolescentes pela nossa presença, assim como o apoio e participação dos pais, o que nos deixa mais do que ansiosos e esperançosos de realizar mais um trabalho de sucesso.


Camilla Veras
Ronaldo Santiago
Psicólog@s em Formação - UFBA 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Grupo de adolescentes e sexualidade


O trabalho realizado pelo grupo do PET tem repercutido positivamente na comunidade. Um sinal disso foi o pedido da coordenadora de uma das unidades da Francesa, entidade que trabalha oferecendo suporte as diversas dimensões comunitárias da vida social, para que fizéssemos um trabalho com as adolescentes abordando questões de sexualidade, e com crianças para tratar da violência. Devido as nossas limitações quanto ao tempo, decidimos trabalhar com o grupo de adolescentes e fazer um trabalho mais aprofundado e efetivo. Tivemos uma reunião com a coordenadora e a partir disso esquematizamos a programação, iniciando o grupo com um dia para apresentação de todos que participarão e formação de vínculo. No dia, chegamos à unidade e nos deparamos com um obstáculo: o carro do Distrito havia mudado o dia para a USF Alto do Cruzeiro, mais uma vez, inutilizando todas as nossas tentativas de estar lá no dia que o carro estivesse disponível para nosso trabalho em campo. Contamos com o auxílio do nosso preceptor, que cedeu seu carro e possibilitou a continuidade do trabalho. Podemos sinalizar com isso que fica muito complicado realizar um trabalho de promoção de saúde no território se a Unidade não possui recursos suficientes para a realização de tais trabalhos. Precisamos de investimentos e recursos contingenciados a este tipo de atividade, para que a Atenção Básica possa realizar um trabalho mais efetivo, colocando em prática as determinações legais do serviço proposto.

Ao chegar à creche, encontramos as meninas em aula de dança, num momento descontraído, lanchando e assistindo um filme indicado pelo professor. Embora um tanto retraídas, nos acolheram bem. Chamamos o professor Saulo para explicar nossa proposta de trabalho: a criação de um projeto que refletisse a sexualidade de acordo com a linguagem e experiencias que sejam familiares às meninas, podendo ser um documentário, um clipe, uma revista, o que elas desejarem. A cada encontro haveria uma roda de conversa sobre algum tema que tangencia a questão (namoro, gravidez, masturbação etc.), no sentido de pensar em como ele poderia ser expresso nesse produto final, sendo realizado por etapas, em cada dia. Pensando nisso como uma atividade conjunta, poderemos incluir a dança na atividade, uma vez que está posta a relação entre sexualidade e dança através do corpo. Ele demonstrou interesse e concordou com a proposta, ressaltando inclusive que as meninas se interessariam em fazer um filme, por exemplo, por gostarem de “aparecer”. Ele fez a ressalva delas serem mais retraídas que a da turma da manhã – na qual houve um incidente envolvendo a sexualidade –, mas que depois elas ficam mais à vontade, e que esse tema precisa ser conversado urgentemente.

Percebemos que o ambiente facilita a execução do projeto por ter os equipamentos que até então era um problema para nós conseguirmos, como computador, câmera, projetor, som. Saímos satisfeitos com o encontro e com muitas expectativas, deixando para a próxima semana uma reunião com a coordenadora (devido à demora entre esse contato e o primeiro, por vários incidentes) para a produção de uma proposta conjunta.

Gessica Aquino
Ronaldo Santiago
Psicólog@s em Formação.