Os preparativos para o primeiro encontro entre estudantes, tutores, preceptores e agentes comunitárias que irão compor a equipe de promoção da paz do Alto do Cruzeiro começou na faculdade de farmácia. Os membros foram chegando, e mais ou menos ao meio dia zarpamos. A chegada foi tranqüila, estávamos todos ansiosos, nossas expressões transmitiam isso. O posto estava movimentado e fomos para o primeiro andar esperar a chegada das nossas anfitriãs. Seguimos para uma ampla sala num templo perto do posto. Entre conversas paralelas, a voz da tutora Ângela chamou a atenção de todos e o encontro tomou o seu foco. Apresentamos-nos e logo descobrimos as equipes do posto responsáveis por determinadas áreas de atuação na comunidade. Presentes estavam as equipes 1, 2 e 4. Uma após a outra, foram expondo as características que as suas áreas possuíam. Momento tenso no encontro, pois não havia quem não estivesse sensibilizado com os diversos casos de violência relatados. Crianças começando a vida sexual muito cedo, ou mesmo sendo violentadas. As drogas aparecem como uma constante em vários dos casos. O alcoolismo foi levantado como índice preocupante. Porém uma das primeiras falas foi no sentido da desmistificação do local como centro da violência, como se em outros lugares de Salvador, e mesmo do mundo, esses mesmos casos não fossem encontrados. Claro que não diminui as dificuldades, pois o tema da violência constitui-se pela sua complexidade, independente de onde ocorra. Existem escolas, creches, ONGs onde um trabalho preventivo pode ocorrer. Ficou claro durante a conversa que esse seria um ótimo caminho para abordar o tema, levando informação e formação, perspectiva de outras possibilidades que não a realidade que ali se instalou. Como pronunciou a tutora Joslene “as vezes é preciso fazer tudo que já é feito, mas de outra forma”. Logo após todos os relatos, nos abraçamos, damos as mãos, ouvimos uma bela música. As mensagens evocadas naquele momento alimentavam o ar com esperança, dando a certeza que teremos um trabalho árduo, em alguns pontos impossíveis devido a nossa demasiada humanidade, mas transformador, na intuição de que ninguém sairá o mesmo, pois plantaremos o fruto da paz onde a comunidade mais precisa e em nós mesmos.
Ronaldo Santiago
Psicólogo em Formação (UFBA)
Ronaldo Santiago
Psicólogo em Formação (UFBA)
Fico feliz que tenha sido produtivo! Infelizmente não pude participar deste momento...mas concordo com você que ninguém sairá o mesmo e espero que isto aconteca principalmente com a comunidade!
ResponderExcluirAbraços a tod@s!!