sábado, 15 de maio de 2010

14 de maio

Os preparativos para o primeiro encontro entre estudantes, tutores, preceptores e agentes comunitárias que irão compor a equipe de promoção da paz do Alto do Cruzeiro começou na faculdade de farmácia. Os membros foram chegando, e mais ou menos ao meio dia zarpamos. A chegada foi tranqüila, estávamos todos ansiosos, nossas expressões transmitiam isso. O posto estava movimentado e fomos para o primeiro andar esperar a chegada das nossas anfitriãs. Seguimos para uma ampla sala num templo perto do posto. Entre conversas paralelas, a voz da tutora Ângela chamou a atenção de todos e o encontro tomou o seu foco. Apresentamos-nos e logo descobrimos as equipes do posto responsáveis por determinadas áreas de atuação na comunidade. Presentes estavam as equipes 1, 2 e 4. Uma após a outra, foram expondo as características que as suas áreas possuíam. Momento tenso no encontro, pois não havia quem não estivesse sensibilizado com os diversos casos de violência relatados. Crianças começando a vida sexual muito cedo, ou mesmo sendo violentadas. As drogas aparecem como uma constante em vários dos casos. O alcoolismo foi levantado como índice preocupante. Porém uma das primeiras falas foi no sentido da desmistificação do local como centro da violência, como se em outros lugares de Salvador, e mesmo do mundo, esses mesmos casos não fossem encontrados. Claro que não diminui as dificuldades, pois o tema da violência constitui-se pela sua complexidade, independente de onde ocorra. Existem escolas, creches, ONGs onde um trabalho preventivo pode ocorrer. Ficou claro durante a conversa que esse seria um ótimo caminho para abordar o tema, levando informação e formação, perspectiva de outras possibilidades que não a realidade que ali se instalou. Como pronunciou a tutora Joslene “as vezes é preciso fazer tudo que já é feito, mas de outra forma”. Logo após todos os relatos, nos abraçamos, damos as mãos, ouvimos uma bela música. As mensagens evocadas naquele momento alimentavam o ar com esperança, dando a certeza que teremos um trabalho árduo, em alguns pontos impossíveis devido a nossa demasiada humanidade, mas transformador, na intuição de que ninguém sairá o mesmo, pois plantaremos o fruto da paz onde a comunidade mais precisa e em nós mesmos.

Ronaldo Santiago
Psicólogo em Formação (UFBA)

Um comentário:

  1. Fico feliz que tenha sido produtivo! Infelizmente não pude participar deste momento...mas concordo com você que ninguém sairá o mesmo e espero que isto aconteca principalmente com a comunidade!
    Abraços a tod@s!!

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