O trabalho realizado pelo grupo do PET tem repercutido positivamente
na comunidade. Um sinal disso foi o pedido da coordenadora de uma das unidades
da Francesa, entidade que trabalha oferecendo suporte as diversas dimensões comunitárias da vida social, para que fizéssemos um trabalho com
as adolescentes abordando questões de sexualidade, e com crianças para tratar
da violência. Devido as nossas limitações quanto ao tempo, decidimos trabalhar com o grupo de
adolescentes e fazer um trabalho mais aprofundado e efetivo. Tivemos uma
reunião com a coordenadora e a partir disso esquematizamos a programação,
iniciando o grupo com um dia para apresentação de todos que participarão e formação
de vínculo. No dia, chegamos à unidade e nos deparamos com um obstáculo: o
carro do Distrito havia mudado o dia para a USF Alto do Cruzeiro, mais uma vez,
inutilizando todas as nossas tentativas de estar lá no dia que o carro
estivesse disponível para nosso trabalho em campo. Contamos com o auxílio do nosso
preceptor, que cedeu seu carro e possibilitou a continuidade do trabalho. Podemos sinalizar com isso que fica muito complicado realizar um trabalho de promoção de saúde no território se a Unidade não possui recursos suficientes para a realização de tais trabalhos. Precisamos de investimentos e recursos contingenciados a este tipo de atividade, para que a Atenção Básica possa realizar um trabalho mais efetivo, colocando em prática as determinações legais do serviço proposto.
Ao chegar à creche, encontramos as meninas em aula de dança,
num momento descontraído, lanchando e assistindo um filme indicado pelo
professor. Embora um tanto retraídas, nos acolheram bem. Chamamos o professor
Saulo para explicar nossa proposta de trabalho: a criação de um projeto que
refletisse a sexualidade de acordo com a linguagem e experiencias que sejam familiares às meninas,
podendo ser um documentário, um clipe, uma revista, o que elas desejarem. A cada
encontro haveria uma roda de conversa sobre algum tema que tangencia a questão
(namoro, gravidez, masturbação etc.), no sentido de pensar em como ele poderia ser expresso
nesse produto final, sendo realizado por etapas, em cada dia. Pensando nisso
como uma atividade conjunta, poderemos incluir a dança na atividade, uma vez que está posta a relação entre sexualidade e dança através do corpo. Ele
demonstrou interesse e concordou com a proposta, ressaltando inclusive que as
meninas se interessariam em fazer um filme, por exemplo, por gostarem de “aparecer”.
Ele fez a ressalva delas serem mais retraídas que a da turma da manhã – na qual
houve um incidente envolvendo a sexualidade –, mas que depois elas ficam mais à
vontade, e que esse tema precisa ser conversado urgentemente.
Percebemos que o ambiente facilita a execução do projeto por
ter os equipamentos que até então era um problema para nós conseguirmos, como computador,
câmera, projetor, som. Saímos satisfeitos com o encontro e com muitas
expectativas, deixando para a próxima semana uma reunião com a coordenadora
(devido à demora entre esse contato e o primeiro, por vários incidentes) para
a produção de uma proposta conjunta.
Gessica Aquino
Ronaldo Santiago
Ronaldo Santiago
Psicólog@s em Formação.
Com toda certeza vejo um belíssimo trabalho prestado para a comunidade através dessa atividade. A demanda de incidentes devidos a precariedade de discussões desse tema é muito grande. Acredito que falta muito a estreitar entre os serviços de prevenção disponibilizados pelo PSF e consequentemente de Nós Petianas(os), e as reais necessidades contextuais da comunidade do Alto do Cruzeiro.
ResponderExcluirPlagiando uma frase que nossa querida Gequino o fez do Drummond, eu o faço pois as palavras são marcantes:
"O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."
(Carlos Drummond de Andrade)
Djean Ribeiro - Psicólogo em formação
Instituto de psicologia - UFBA